Avaliação dosimétrica em superfície para braquiterapia de alta taxa de dose utilizando filmes radiocrômicos

Resumo

O monitoramento das doses de radiação recebidas durante o tratamento radioterápico do paciente oncológico é de extrema importância para garantir a segurança e eficácia do procedimento. A dosimetria in vivo permite a medição da dose de radiação diretamente no paciente, durante a realização do tratamento radioterápico. Entretanto, a sua devida aplicação depende de estudos dosimétricos prévios, para posterior uso em condições clínicas. Neste trabalho, foi desenvolvido um estudo do processo de dosimetria com fantoma para aplicação in vivo utilizando parâmetros aplicados na rotina clínica da braquiterapia para protocolos de lesões superficiais, utilizando-se de objetos simuladores e filmes radiocrômicos do tipo EBT3. Para isso, foi desenhado e desenvolvido um aplicador constituído de 15 esferas de material sintético. Utilizou-se uma fonte de braquiterapia de Ir-192 e placas de água sólida para simular os tratamentos por meio de um sistema de planejamento de tratamento (TPS). Os filmes irradiados foram avaliados por meio de escaneamento e leitura, utilizando os programas ImageJ e Origin, para análise das imagens geradas. Foi realizada a calibração do sistema de dosimetria, além de irradiações baseadas em arranjos experimentais para avaliar o comportamento da dose em situações variadas: distribuição bidimensional de dose, perfil de dose em profundidade, atenuação de dose com chumbo e comportamento da dose em regiões de junções do aplicador, quando é necessário irradiar regiões próximas a uma já irradiada. Os resultados demonstraram a adequação do sistema proposto, uma vez que, além da calibração, a dose medida na superfície do aplicador e o percentual de dose em profundidade corresponderam ao valor fornecido pelo TPS. No estudo do percentual de dose em profundidade, foi observado um decréscimo da dose a partir da superfície do aplicador, conforme esperado pelo planejamento. Considerando a proteção de áreas de interesse durante o tratamento, foi demonstrado que o uso de 1 mm de chumbo próximo à região irradiada eleva os valores de dose em até 31,9% acima do valor prescrito, evidenciando que as placas de chumbo dessa espessura devem ser cobertas com material equivalente a tecido (bólus) para absorver a dose extra na vizinhança da placa. Verificou-se que é recomendável considerar uma distância de 5 mm entre as posições assumidas pelo aplicador quando regiões contíguas são irradiadas. Desta forma, o sistema de dosimetria para a modalidade HDR mostrou-se promissor para o possível controle in vivo dos tratamentos.